EnTrA. eScUtA o BaNdOnEoN qUe ChOrA
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MuChA sUeRtE

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O soalho foi bem raspado, encerado, polido, ainda não está ferido de traços, curvas, meias luas cheias de um crepusculo que é a luz necessária. O resto alumia-se de cigarros enrolados entre dedos suados com cheiro de sexos excitados e os brilhantes dos vestidos justos das meninas.


Espero que Adelia venha.
Quando vem é bonito o salão, mais bonito. E se Margot também vier, Adelia ainda será mais bonita, a mais bela da milonga.
Margot é carrasco, o sapato com cunha para lhe dar o mesmo tamanho da outra perna atira para os braços dos homens borrachos uma cegueira de que só se arrependem no dia seguinte.


Está tudo muito bem.

O ar está fresco, as ventoinhas ouvem-se suave a bater o mel do tecto. Tarde, tarde nem farão esvoaçar os cabelos soltos das rabonas dos homens nem consolo ao calor entre pernas das meninas.


Talvez tenha sorte esta noite.
Talvez me chamem para acender um cigarro e Adelia tenha ciúmes.
Haverá tango.

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