EnTrA. eScUtA o BaNdOnEoN qUe ChOrA
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SoLiTáRiO

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Trago a goles de fumo a minha tristeza e raiva. Adelia dança o tango no peito colado de Baron. Escuto a milonga a incentivá-los, aplaudem-nos, dizem Brava por cada vez que se arrasta nas pernas do par e ele a sacrifica nas voltas de pé picado.


Baron deseja, Baron tem. Arrancou-me Adelia de meus braços apenas com um olhar. E ela foi, de boca vermelha, com uma rosa-carne no cabelo... Para mim não pôs flor.


Trago a goles de cigarrilla morena o ar da noite, perco o juízo nas escadas da milonga e afundo-me nos degraus gastos pelos passos passados de Sarita. Até Sarita tem o seu amor de novo. Só eu me perco solitário nos acordes da lua velhaca e ensaio o tango como dança para a morte.


Já disse: Adelia é minha, não há-de ser Baron que ma tira. Pela alma de meu Pai que está no céu.

3 comentários:

Marina disse...

Se Adelia te desejar não te preocupes com Baron.
Não esqueças que é sempre a mulher que escolhe.

Hoje a música é melancólica...

Besos

daijoji disse...

I wish I could understand your writing, but music is gorgeous. I could listen to it too long :-) Bye :-)

Baila sem peso disse...

Um texto belo com pretexto
de envolvimento de ciúme no contexto

Adelia com este passo que avança
envolta na lágrima da música
nos teus braços, decerto já dança :)

Besos