EnTrA. eScUtA o BaNdOnEoN qUe ChOrA
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TaNgUeRa

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O ar adensou-se num pó brilhante e muito dourado. Ao alto as ventoínhas abrandaram o seu bater e no tecto reflectíam-se os vestidos flamejantes das mulheres.


As mulheres nunca foram tão belas como esta noite. E cheirosas. Mas não de perfume comprado, era cheiro de mulher, aquele cheiro único, inesquecível, quente e ligeiramente torrado... inebriante, doido.


Adelia esteve nos meus braços, senti-lhe as costas duras, aquele vinco no meio, o cabelo a desfiar-se sobre a minha mão. E as pernas, Deus, as pernas foram cordas que amarraram as minhas, entrelaçadas, minhas, minhas... O meu coração está louco.


Devoto-me a esta milonga, ao bandoneon, a todos os que se amam neste rápido, rápido, lento, rápido passo marcado como uma sina de vidas a que nos condenamos. Devoto-me a Adelia, tanguera de mí alma.

3 comentários:

daijoji disse...

To dance tango and to die... I understand it coming here :-) Thank you! :-)

Baila sem peso disse...

Ouvi a música e vim atrás
Belos textos que dançam
Com o tango em loucura
Passos que festejam a vida
Na dança que abraçam e enlaçam

Passos arrastados na mágica formosura

Belo!

Marina disse...

Tanguero...
Gosto destas descrições loucas, doidas, arrebatadas!

:)